quarta-feira, 30 de maio de 2012

Funcionalismo em Radcliffe Bronw



Radcliffe pertenceu à geração de Malinowski, mas seu contexto familiar não era cosmopolita e intelectual, e sim da classe operária inglesa. Realizou trabalho de campo de 1906-1908, nas Ilhas Andaman e publicou relatório de campo, muito bem recebido, no estilo difusionista, porém em pouco tempo ele passaria a seguir uma linha teórica diferente.
Radcliffe, como outros antropólogos passou o período entre guerras conquistando adeptos e desenvolvendo instituições acadêmicas dedicadas à nova antropologia. Desenvolveu e aperfeiçoou centros antropológicos importantes na cidade do Cabo, Sidney e Chicago.
Durante suas viagens formou vasta rede internacional, aumentando ainda mais o seu prestígio





Radcliffe-Brown foi seguidor de Durkheim ao considerar o individuo principalmente como produto da sociedade, pedindo sempre aos seus alunos que descobrissem princípios estruturais abstratos e mecanismos de integração social
Em A Natural Science of Society, Radcliffe-Brown vai dizer que a sociedade se mantem coesa por força de uma estrutura de regras jurídicas, estatutos sociais e normas morais que circunscrevem e regulam o comportamento. A estrutura social existe independentemente dos atores individuais que a reproduzem. As pessoas reais e suas relações são meras agenciações da estrutura, e o objetivo último do antropólogo é descobrir sobre o verniz de situações empiricamente existentes os princípios que regem essa estrutura.
Há um problema na teoria  da estrutura social pois ela pode ser mais desdobrada em instituições discretas ou subsistemas, como os sistemas para distribuição e transmissão da terra, para a solução de conflitos, para socialização, para divisão do trabalho na família, etc. Pois a função causaria a existência desses sistemas.





O uso durkheimiano, por parte de Radcliffe-Brown, da antiga ideia de Maine do parentesco como sistema jurídico de normas e regras tornou possível explorar cabalmente potencial analítico do parentesco O parentesco era novamente uma instituição fundamental de uma entidade autossustentável e integrada organicamente, e todavia abstrata, chamada estrutura social.





Com essa chave na mão, os estrutural-funcionalistas passaram a estudar outras instituições em sociedades primitivas: política, economia, religião, adaptação ecológica, etc.
Radcliffe-Brown criticava severamente a ‘história conjectural’ dos evolucionistas. E onde não existiam evidências não havia porque especular. Aqui Malinowski e Radcliffe-Brown concordavam perfeitamente.

Sávia Cardoso.

Estruturalismo de Evans Pritchard

Evans Pritchard foi um antropólogo britânico, um teórico fundamental para o desenvolvimento da Antropologia Social na Inglaterra. Ele descende da tradição estrutural-funcionalista de Radcliff-Brown, entretanto, o primeiro trabalha com categorias que venham a diferenciar o tom dos conceitos de função, estrutura e organização que foram formulados pelo segundo.


Na sua obra, Os Nuer, Evans tenta estabelecer os princípios estruturais da sociedade Nuer. Para compreender as estruturas ,ou melhor, as relações sociais dos Nuer , primeiramente, o autor trabalha com as noções de tempo e espaço do povo Nuer. Os conceitos de tempo são divididos em dois grupos: o tempo na relação do grupo com o meio-ambiente, o tempo ecológico; e o tempo na relação dos grupos e indivíduos entre si, o tempo estrutural. O tempo ecológico compreenderia: as estações do ano; a divisão dos meses e a do dia. O tempo estrutural seria tudo aquilo que se usa para assinalar algo no tempo, como: os indivíduos de acordo com a sua idade; as denominações dos locais de acampamento e os eventos passados. Assim como o tempo, Evans estabelece a divisão dos conceitos de espaço, que seriam: espaço ecológico e espaço estrutural. O espaço ecológico seriam: os apectos físicos e geográficos das regiões em que se estabelecem os Nuer. O espaço estrutural, seria: a posição das localidades, e a organização do espaço no território nativo.




Mas o que diferencia Evans Pritchard dos outros teóricos estrutural-funcionalistas, é justamente, o trabalho com a questão dos conflitos. Os conflitos possuem uma característica funcional entre o povo Nuer. Mas claro, deve-se levar em conta, a estrutura social na qual se ocorre o conflito e o tipo de conflito, caso o conflito viria a desestruturar e não estruturar. Para compreender melhor a função positiva dos conflitos, Pritchard divide a sociedade Nuer em segmentos. Os segmentos seriam: primários (as tribos); secundários (as divisões territoriais) e os terciários (as aldeias). O que ocorre nessa divisão de segmentos, é justamente, uma descentralização política, em que ocorre, até certo ponto, uma independência entre eles. Por exemplo, uma aldeia A vai confrontar a B, a A é bem mais forte, e logo C se juntará a B para combater A. E por aí vai, até se estendendo á outros segmentos territoriais e à outras tribos, podendo causar uma guerra inter-tribal.



Para que o conflito tenha uma característica funcional positiva necessária à manutenção da estrutura social dos Nuer, é necessário instituições para que possam ser asseguradas as leis. E a principal instituição seria a vendeta. A vendeta seria a maneira pelo qual se consegue ressarcimentos após a quebra de leis e, também, o asseguramento da propriedade e da vida dos indivíduos. Quando um Nuer mata outro, rapidamente o assassino deve ir, rapidamente, à casa do chefe de pele de leopardo, para que este possa aplicar a vendeta. O chefe não é, demaneira alguma, uma autoridade, ele apenas cumpre um papael de mediador. No caso do assassino, este está protegido, pois na casa do mestre não se pode deramar sangue, pois a família da vítima viria se vingar. A família do assassino pagaria em torno de 40 a 50 cabeças de gado à família da vítima, este é um dos exemplos de ressarcimento conseguido pela vendeta. É claro que não existe uma fórmula fixa para a vendeta, ela pode variar de acordo com: condição econômica, grau de parentesco... Segundo Evans, o papel de instituição da vendeta, que age como meio de coesão, é constatado pelo temor de praticá-la, ocorrendo assim, uma espécie de “ordem” dentro de uma sociedade marcada pelos conflitos, mas que estes conflitos servem como uma forma de estruturar a sociedade Nuer.

Anderson Marques.

De olho na rua!


Se para ser antropólogo é preciso olhar pra rua, então que olhemos!

O disco mais recente da banda pernanbucana Mundo Livre S/A tá com uma pegada super antropofágica! A ideia da banda é criar uma proposta de etnografia (mas num contexto musical), o disco chama-se novas lendas da etnia toshi baba e traz sátiras e música de boa qualidade sobre o Brasil, nossa sociedade e afins.
Espero que curtam o som!
segue abaixo o link de um blog para baixar o disco dos caras e um plus do som pra vocês conferirem!

Ouve aí, é massa!

http://www.youtube.com/watch?v=sga89-xW2X8

Clica aqui pra baixar o disco todo!

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Nós, antropólogos de rua


Criamos o blog com este devido nome  com objetivo inicial  de fazer apresentações dos autores estudados na disciplina de Antropolgia II da Universidade Estadual do Ceará. Apresentaremos a seguir uma abordagem singular de Radcliffe-Brow, Bronislaw Malinowski e Evans Pritchard.
A organização cronológica da Antropologia passa pela apreensão do pensamento desses autores que em suas obras analisaram sociedades que nutriam uma visão de mundo e uma organização diferenciada da vida ocidental. No que toca a filosofia social, a presença de formas complexas das sociedades estudadas. As análises etnográficas apontam as relações de alteridade, a identidade coletiva e a estrutura nem sempre compreensível e sincrônica dessas sociedades que variam suas forças e suas relações de consistência junto com a ecologia, a religião e diversas outras questões.
O fato é que a questão do poder se encontra no cerne da constituição do pensamento antropológico no qual se baseia no divisor entre sociedades políticas e mais evoluídas, onde os indivíduos vivem num mesmo território, e seu poder é consentido a uma representação e as sociedades selvagens ou primitivas, onde o poder estar articulado ao status atribuído a grupos definidos ou ainda eles o exercem de forma direta.
O estudo sobre esses autores nos abre a uma melhor compreensão das sociedades como um todo e suas metodologias que inauguram maneiras de uma fazer antropológico.

Carol Cunha.

Bronislaw Kaspar Malinowski - Vida e Obra


                                     

        
            A formação inicial de Malinowski foi na área das ciências exatas, em 1908  conclui o doutorado em  física e matemática pela Universidade de Cracóvia , pequena cidade da Polônia onde nasceu em 16 de maio de 1884. Foi após a   leitura da obra de  James Frazer (The Golden  Bough)  que  despertou o interesse pela antropologia. Em  Leipzig, Alemanha sob orientação de Karl Bucher e Wilhelm Wundt iniciou-se definitivamente na antropologia. Em 1914 organizou a primeira expedição à Nova Guiné para realizar trabalhos de campo em várias regiões do Pacífico. Malinowski revolucionou o trabalho de campo através da criação de um método especifico que  denominou observação participante, que consistia  em viver com as pessoas que estavam sendo estudadas e aprender a participar o máximo possível de suas atividades e de suas vidas .  Os fundamentos dessa prática  podem ser analisados em uma de suas principais obras - Os Argonautas do Pacífico Ocidental, onde ele altera o conceito de trabalho de campo , vivendo por longo tempo na aldeia aprendendo a língua dos nativos através da observação direta que acreditava só ser possível na convivência diária da vida na aldeia. Ainda com a  publicação dos  Argonautas , Malinowski mostra uma nova maneira de estudar e compreender o comportamento humano  em sua amplitude .
            Tanto quanto Radcliffe Brown ,Malinowski criticou  os postulados evolucionistas e difusionistas , propondo um novo método de investigação e interpretação  estreitamente vinculado ao trabalho de campo que ficou conhecido como escola  funcionalista. Diferentemente de outros funcionalistas durkheimianos, para Malinowski o indivíduo era o fundamento da sociedade, entendendo que  as instituições existiam para as pessoas e não o contrário . Para os funcionalistas o etnógrafo precisa necessariamente preocupar-se em preservar as  especificidades  de cada cultura para entender a amplitude dos sistemas que ordenam e dão sentido ao comportamento humano.
               Em 1935  Malinowski publica  o  que  seria a sua última obra- Coral Gardens and Their Magic . Nesse trabalho aborda a relação existente entre  o trabalho, a magia, a mitologia e a propriedade da terra, demostrando  como essas relações se expressam e produzem a própria  sociedade. Malinowski faleceu no dia 16 de maio de 1942, entre os anos que antecederam sua  morte não produziu grandes obras, apenas pequenos trabalhos que faziam  referencias à transformação das sociedades tribais  e à fundamentação teórica do funcionalismo.

Por: Rosilene Ramos.