Radcliffe pertenceu à geração de Malinowski, mas seu contexto familiar não era cosmopolita e intelectual, e sim da classe operária inglesa. Realizou trabalho de campo de 1906-1908, nas Ilhas Andaman e publicou relatório de campo, muito bem recebido, no estilo difusionista, porém em pouco tempo ele passaria a seguir uma linha teórica diferente.
Radcliffe, como outros antropólogos passou o período entre guerras conquistando adeptos e desenvolvendo instituições acadêmicas dedicadas à nova antropologia. Desenvolveu e aperfeiçoou centros antropológicos importantes na cidade do Cabo, Sidney e Chicago.
Radcliffe-Brown foi seguidor de Durkheim ao considerar o individuo principalmente como produto da sociedade, pedindo sempre aos seus alunos que descobrissem princípios estruturais abstratos e mecanismos de integração social
Em A Natural Science of Society, Radcliffe-Brown vai dizer que a sociedade se mantem coesa por força de uma estrutura de regras jurídicas, estatutos sociais e normas morais que circunscrevem e regulam o comportamento. A estrutura social existe independentemente dos atores individuais que a reproduzem. As pessoas reais e suas relações são meras agenciações da estrutura, e o objetivo último do antropólogo é descobrir sobre o verniz de situações empiricamente existentes os princípios que regem essa estrutura.
Há um problema na teoria da estrutura social pois ela pode ser mais desdobrada em instituições discretas ou subsistemas, como os sistemas para distribuição e transmissão da terra, para a solução de conflitos, para socialização, para divisão do trabalho na família, etc. Pois a função causaria a existência desses sistemas.
O uso durkheimiano, por parte de Radcliffe-Brown, da antiga ideia de Maine do parentesco como sistema jurídico de normas e regras tornou possível explorar cabalmente potencial analítico do parentesco O parentesco era novamente uma instituição fundamental de uma entidade autossustentável e integrada organicamente, e todavia abstrata, chamada estrutura social.
Com essa chave na mão, os estrutural-funcionalistas passaram a estudar outras instituições em sociedades primitivas: política, economia, religião, adaptação ecológica, etc.
Radcliffe-Brown criticava severamente a ‘história conjectural’ dos evolucionistas. E onde não existiam evidências não havia porque especular. Aqui Malinowski e Radcliffe-Brown concordavam perfeitamente.
Sávia Cardoso.