domingo, 3 de junho de 2012

Indivíduo x Sociedade – Visões de Malinowski e Racliffe Bronw.


Radcliffe-Brown e Malinowski trouxeram muitas contribuições para a Antropologia Moderna. Apesar das suas linhas de raciocínio diferirem, em teoria, muito também se complementava em suas bases teóricas.
Para Malinowski, o objetivo último do sistema eram os indivíduos, não a sociedade. As instituições existiam para as pessoas, não o contrário, e eram as necessidades das pessoas, em última analise suas necessidades biológicas, que constituíam o motor primeiro da estabilidade social e da mudança. Isso era individualismo metodológico sob outro disfarce, e num clima acadêmico coletivista dominado pelos durkheimianos, o programa não teve boa acolhida. Para Malinowski, o individuo era o fundamento da sociedade.
Para os estruturais-funcionalistas durkheimianos o individuo era um epifenômeno da sociedade e de pouco interesse intrínseco – o que interessava era inferir os elementos da estrutura social. Essas duas linhagens da antropologia social britânica – funcionalismo biopsicológico e estrutural-funcionalismo sociológico – evidenciam uma tensão básica na disciplina entre o que mais tarde foi chamado de agência e estrutura. O individuo tem agencia no sentido de que ele é criador da sociedade. Os dois pontos de vista são complementares, mas isso não foi percebido pela antropologia britânica no período entre as duas grandes guerras.
Radcliffe-Brown foi seguidor de Durkheim ao considerar o individuo principalmente como produto da sociedade. Na obra de Radcliffe-Brown a estrutura social existe independentemente dos atores individuais que a reproduzem. As pessoas reais e suas relações são meras agenciações da estrutura, e o objetivo último do antropólogo é descobrir o verniz de situações empiricamente existentes os princípios que regem essa estrutura.
De acordo com Radcliffe-Brown, essa é a função e a causa da existência desses sistemas. Temos aqui um problema: Radcliffe-Brown parece afirmar que as instituições existem porque elas mantem o todo social; isto é, que sua função é também sua causa. A relação causa e efeito se torna vaga e ambígua, e esse raciocínio tautológico ou ‘para trás’ é em geral visto com restrições nas explicações científicas. Essa crítica, porém, se aplica igualmente a todas as formas de
funcionalismo, inclusive, mas não limitada, à variação de Radcliffe-Brown sobre o tema. 

Por Sávia Cardoso. 

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