sábado, 16 de junho de 2012

Conceitos de Estrutura e Função na Antropologia Social


MALINOWSKI


Influenciado pela teoria da Psicologia Experimental, particularmente a desenvolvida por Wundt, este que também foi mestre de Durkheim, outro autor importante para a sua formação, Malinowski desenvolve os conceitos de “estrutura” e função, todos estes conceitos formulados no decorrer dos seus trabalhos nas Ilhas Trobriand. Mais tarde com o método do trabalho de campo, desenvolve-se a Escola Funcionalista, sendo a marca de Malinowski.
Diferentemente dos antropólogos clássicos, no caso os evolucionistas e os difusionistas, que acreditavam em estágios evolutivos que englobaria todos os povos numa determinada totalidade, os primeiros, e, também, o desmembramento arbitrário em fragmentos, que seriam as “culturas”, como elementos autônomos, os segundos, Malinowski une o conceito de totalidade e cultura, para formular os conceitos de função e “estrutura”, que na verdade seria, integração funcional. O Funcionalismo se caracteriza na relação entre totalidade cultural e necessidades humanas. O conceito de função, para Malinowski, é definido como: a satisfação de uma necessidade por uma atividade que requeira cooperações mútuas entre os seres humanos. Enquanto o de “estrutura”, que, na verdade, seria uma espécie de integração funcional, tem mais um caráter de organização em que os fatores são universais, então aplicáveis a todos os grupos organizados da espécie humana na totalidade de cada cultura. Os seres humanos na busca por qualquer fin, tem que se organizarem.
É notório que para Malinowski, o objetivo de conceituar função e estrutura em determinadas “culturas”, é compreender como os indivíduos se organizam e quais fins eles buscam, tendo a “cultura”, o todo em que eles vivem como instrumento de satisfação para esses objetivos. Pode-se perceber que para Malinowski, as necessidades, principalmente as biológicas e psicológicas dos indivíduos, antecedem a própria sociedade.





A. R. RADCLIFF-BROWN

Radcliff-Brown foi um dos fundadores da Antropologia Social britãnica juntamente com Malinowski, sendo considerado um clássico. Assim como Malinowski, sofreu grande influência de Durkheim na maturidade, sendo que antes crescera com orientações de estudiosos difusionistas. Entretanto, não demorou muito para, assim como Malinowski, renegar essas teorias. Radcliff, também, veio a discordar de Malinowski, propondo uma nova visão da Antropologia Social e dos conceitos de estrutura e função, sendo a estrutura um ponto crucial em suas abordagens. Mais tarde ele viria a se tornar o fundador de uma outra Escola, o Estrutural-Funcionalismo.
No que esta escola, Estrutural-Funcionalismo viria a se diferenciar do Fucionalismo de Malinowski? Primeiramente, para Malinowski as sociedades eram organismos, que a partir da totalidade cultural de uma realidade específica, viria a satisfazer as necessidades biológicas, principalmente, dos indivíduos. Esta era a definição de função para Malinowski. Para Radcliff, também, a função possui essa mesma definição, esta que fora dada por Durkheim de que, função seria a correspondência entre as instituições sociais e a necessidade da organização social. Diferentemente, da perspectiva teleológica de Malinowski, que vira a sociedade como um organismo de satisfação aos fins que os homens objetivavam, Radcliff substituira o termo “cultura” (para ele uma abstração), que para Malinowski tinha esta função, por estrutura. Esta estrutura ao invés de uma necessidade, viria a se tornar como o próprio Radcliff denomina de: condição necessária para a existência. Para isso, a concepção de que a sociedade é uma ordem moral anterior aos próprios interesses dos indivíduos, como acreditara o próprio Durkheim, torna-se uma síntese essencial para o pensamento de Radcliff.
Radcliff estava interessado em estudar o processo social. Para isso, ele trata o conceito de estrutura, como um sistema. Não o sistema “biológico” como tratava Malinowski a “cultura, mas um “sistema de relações reais de encadeamento entre indivíduos”. E que cada um destes “indivíduos” possuem um papel social. A função para Radcliff seria um “uso social”, este que, manteria a forma estrutural da “soma total das relações sociais de todos os indivíduos num dado momento de tempo”, em outras palavras da estrutura.
Para Radcliff,a sociedade não existe para satisfazer as necessidades dos indivíduos, mas sim o “indivíduo”, possui um papel social para manter a estrutura social e sua forma, colocando a ordem social, ou “condição necessária de existência”, assim, anterior ao próprio indivíduo.

Fontes Teóricas



As fontes teóricas de Malinowski e Radclife-Brown



Uma das facetas de Malinowski reflete no personalismo e singularidade elaborada por seus discípulos apontando 1914, enquanto inicio da Antropologia Social. Estrategicamente se “apossando” da Sociologia demarcaram um viés contrário em relação ao evolucionismo e ao difusionismo. Umas das preocupações dos funcionalistas decorria em não abarcar uma idéia sem antes o desprendimento e cautela. Influenciados e porque não dizermos discípulos por Émile Durkheim, Malinowski e Radclife-Brown debruçavam sobre as construções religiosas em seus estudos e observações em campo. O que Malinowski denominou de imponderáveis, ou seja, interditos, devem estar no diário de campo e nas entrelinhas do manejo etnográfico. Inclusive, isoladamente seria impossível traçar um contexto cultural. Por outro lado, não confiar piamente nas informações dos nativos, tendo em vista a ambigüidade nos discursos. Em contrapartida, Radclife-Brown, amplia o conceito de rigor, por intermédio da Escola Francesa. Sobre o trabalho de campo, debruçava sobre os relatos etnográficos e procurava o entendimento da prática de campo enquanto aprendizado. No decorrer da caminhada, se converte aos preceitos de Durkheim, o que admoestava que os costumes necessita serem observados no contexto e não de forma isolada.
Os “usos sociais, categoria prenhe não poderiam ser analisados enquanto vácuos do contexto social, mas característicos desses fatos sociais. Longe da dedução simplista ou fugindo de um senso comum rasteiro, R. Brown orienta a necessidade da observação exaustiva. Na tentativa de fugir das idéias prontas, mas por intermédios das regras e como são inculcadas. A insistência e a tentativa de se apartar de idéias naturais, constituídas na Sociologia enquanto ciência natural apartava R. Brown de idéias isoladas, ao contrário, procurava compreensão sobre as relações de parentesco, totemismo e culto aos ancestrais.

Por Erivaldo Teixeira

quinta-feira, 7 de junho de 2012

A fotógrafa Berenice Abott.

Berenice Abott (1898 – 1991) viveu entre muitos artistas, estudou artes e teatro. Mudou-se para Paris como muitos artistas de sua época, mas com a intenção de aprender escultura. Nesse caminho, Berenice se tornou assistente de nada mais nada menos que Man Ray, oprecursor da fotografia, com quem aprendeu tal ofício. Logo Berenice se mostrou uma grande retratista, sendo muito solicitada pelos intelectuais de sua época.





Ainda em Paris conheceu o fotografo francês Eugene Atget, de quem tirou muitas influências. Desse modo, inspirada por ele, Berenice Abott voltou para seu país natal, os Estados Unidos da América, e fez um trabalho de fotografia em torno da cidade de Nova York, mostrando sua arquiterura, cultura e monumentos da capital. Assim nasceu seu trabalho mais influente, “Changing New York” onde ela mostra as transformações da cidade na época, as construções, o cotidiano e todo o surgimento da paisagem urbana nova iorquina.






Berenice foi a primeira mulher a ser aceita na Academia Americana de Artes e Letras.
Para conhecer mais imagens, visite o site de Berenice Abott.




Por Pérola Castro.

domingo, 3 de junho de 2012

Indivíduo x Sociedade – Visões de Malinowski e Racliffe Bronw.


Radcliffe-Brown e Malinowski trouxeram muitas contribuições para a Antropologia Moderna. Apesar das suas linhas de raciocínio diferirem, em teoria, muito também se complementava em suas bases teóricas.
Para Malinowski, o objetivo último do sistema eram os indivíduos, não a sociedade. As instituições existiam para as pessoas, não o contrário, e eram as necessidades das pessoas, em última analise suas necessidades biológicas, que constituíam o motor primeiro da estabilidade social e da mudança. Isso era individualismo metodológico sob outro disfarce, e num clima acadêmico coletivista dominado pelos durkheimianos, o programa não teve boa acolhida. Para Malinowski, o individuo era o fundamento da sociedade.
Para os estruturais-funcionalistas durkheimianos o individuo era um epifenômeno da sociedade e de pouco interesse intrínseco – o que interessava era inferir os elementos da estrutura social. Essas duas linhagens da antropologia social britânica – funcionalismo biopsicológico e estrutural-funcionalismo sociológico – evidenciam uma tensão básica na disciplina entre o que mais tarde foi chamado de agência e estrutura. O individuo tem agencia no sentido de que ele é criador da sociedade. Os dois pontos de vista são complementares, mas isso não foi percebido pela antropologia britânica no período entre as duas grandes guerras.
Radcliffe-Brown foi seguidor de Durkheim ao considerar o individuo principalmente como produto da sociedade. Na obra de Radcliffe-Brown a estrutura social existe independentemente dos atores individuais que a reproduzem. As pessoas reais e suas relações são meras agenciações da estrutura, e o objetivo último do antropólogo é descobrir o verniz de situações empiricamente existentes os princípios que regem essa estrutura.
De acordo com Radcliffe-Brown, essa é a função e a causa da existência desses sistemas. Temos aqui um problema: Radcliffe-Brown parece afirmar que as instituições existem porque elas mantem o todo social; isto é, que sua função é também sua causa. A relação causa e efeito se torna vaga e ambígua, e esse raciocínio tautológico ou ‘para trás’ é em geral visto com restrições nas explicações científicas. Essa crítica, porém, se aplica igualmente a todas as formas de
funcionalismo, inclusive, mas não limitada, à variação de Radcliffe-Brown sobre o tema. 

Por Sávia Cardoso. 

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Funcionalismo em Radcliffe Bronw



Radcliffe pertenceu à geração de Malinowski, mas seu contexto familiar não era cosmopolita e intelectual, e sim da classe operária inglesa. Realizou trabalho de campo de 1906-1908, nas Ilhas Andaman e publicou relatório de campo, muito bem recebido, no estilo difusionista, porém em pouco tempo ele passaria a seguir uma linha teórica diferente.
Radcliffe, como outros antropólogos passou o período entre guerras conquistando adeptos e desenvolvendo instituições acadêmicas dedicadas à nova antropologia. Desenvolveu e aperfeiçoou centros antropológicos importantes na cidade do Cabo, Sidney e Chicago.
Durante suas viagens formou vasta rede internacional, aumentando ainda mais o seu prestígio





Radcliffe-Brown foi seguidor de Durkheim ao considerar o individuo principalmente como produto da sociedade, pedindo sempre aos seus alunos que descobrissem princípios estruturais abstratos e mecanismos de integração social
Em A Natural Science of Society, Radcliffe-Brown vai dizer que a sociedade se mantem coesa por força de uma estrutura de regras jurídicas, estatutos sociais e normas morais que circunscrevem e regulam o comportamento. A estrutura social existe independentemente dos atores individuais que a reproduzem. As pessoas reais e suas relações são meras agenciações da estrutura, e o objetivo último do antropólogo é descobrir sobre o verniz de situações empiricamente existentes os princípios que regem essa estrutura.
Há um problema na teoria  da estrutura social pois ela pode ser mais desdobrada em instituições discretas ou subsistemas, como os sistemas para distribuição e transmissão da terra, para a solução de conflitos, para socialização, para divisão do trabalho na família, etc. Pois a função causaria a existência desses sistemas.





O uso durkheimiano, por parte de Radcliffe-Brown, da antiga ideia de Maine do parentesco como sistema jurídico de normas e regras tornou possível explorar cabalmente potencial analítico do parentesco O parentesco era novamente uma instituição fundamental de uma entidade autossustentável e integrada organicamente, e todavia abstrata, chamada estrutura social.





Com essa chave na mão, os estrutural-funcionalistas passaram a estudar outras instituições em sociedades primitivas: política, economia, religião, adaptação ecológica, etc.
Radcliffe-Brown criticava severamente a ‘história conjectural’ dos evolucionistas. E onde não existiam evidências não havia porque especular. Aqui Malinowski e Radcliffe-Brown concordavam perfeitamente.

Sávia Cardoso.

Estruturalismo de Evans Pritchard

Evans Pritchard foi um antropólogo britânico, um teórico fundamental para o desenvolvimento da Antropologia Social na Inglaterra. Ele descende da tradição estrutural-funcionalista de Radcliff-Brown, entretanto, o primeiro trabalha com categorias que venham a diferenciar o tom dos conceitos de função, estrutura e organização que foram formulados pelo segundo.


Na sua obra, Os Nuer, Evans tenta estabelecer os princípios estruturais da sociedade Nuer. Para compreender as estruturas ,ou melhor, as relações sociais dos Nuer , primeiramente, o autor trabalha com as noções de tempo e espaço do povo Nuer. Os conceitos de tempo são divididos em dois grupos: o tempo na relação do grupo com o meio-ambiente, o tempo ecológico; e o tempo na relação dos grupos e indivíduos entre si, o tempo estrutural. O tempo ecológico compreenderia: as estações do ano; a divisão dos meses e a do dia. O tempo estrutural seria tudo aquilo que se usa para assinalar algo no tempo, como: os indivíduos de acordo com a sua idade; as denominações dos locais de acampamento e os eventos passados. Assim como o tempo, Evans estabelece a divisão dos conceitos de espaço, que seriam: espaço ecológico e espaço estrutural. O espaço ecológico seriam: os apectos físicos e geográficos das regiões em que se estabelecem os Nuer. O espaço estrutural, seria: a posição das localidades, e a organização do espaço no território nativo.




Mas o que diferencia Evans Pritchard dos outros teóricos estrutural-funcionalistas, é justamente, o trabalho com a questão dos conflitos. Os conflitos possuem uma característica funcional entre o povo Nuer. Mas claro, deve-se levar em conta, a estrutura social na qual se ocorre o conflito e o tipo de conflito, caso o conflito viria a desestruturar e não estruturar. Para compreender melhor a função positiva dos conflitos, Pritchard divide a sociedade Nuer em segmentos. Os segmentos seriam: primários (as tribos); secundários (as divisões territoriais) e os terciários (as aldeias). O que ocorre nessa divisão de segmentos, é justamente, uma descentralização política, em que ocorre, até certo ponto, uma independência entre eles. Por exemplo, uma aldeia A vai confrontar a B, a A é bem mais forte, e logo C se juntará a B para combater A. E por aí vai, até se estendendo á outros segmentos territoriais e à outras tribos, podendo causar uma guerra inter-tribal.



Para que o conflito tenha uma característica funcional positiva necessária à manutenção da estrutura social dos Nuer, é necessário instituições para que possam ser asseguradas as leis. E a principal instituição seria a vendeta. A vendeta seria a maneira pelo qual se consegue ressarcimentos após a quebra de leis e, também, o asseguramento da propriedade e da vida dos indivíduos. Quando um Nuer mata outro, rapidamente o assassino deve ir, rapidamente, à casa do chefe de pele de leopardo, para que este possa aplicar a vendeta. O chefe não é, demaneira alguma, uma autoridade, ele apenas cumpre um papael de mediador. No caso do assassino, este está protegido, pois na casa do mestre não se pode deramar sangue, pois a família da vítima viria se vingar. A família do assassino pagaria em torno de 40 a 50 cabeças de gado à família da vítima, este é um dos exemplos de ressarcimento conseguido pela vendeta. É claro que não existe uma fórmula fixa para a vendeta, ela pode variar de acordo com: condição econômica, grau de parentesco... Segundo Evans, o papel de instituição da vendeta, que age como meio de coesão, é constatado pelo temor de praticá-la, ocorrendo assim, uma espécie de “ordem” dentro de uma sociedade marcada pelos conflitos, mas que estes conflitos servem como uma forma de estruturar a sociedade Nuer.

Anderson Marques.

De olho na rua!


Se para ser antropólogo é preciso olhar pra rua, então que olhemos!

O disco mais recente da banda pernanbucana Mundo Livre S/A tá com uma pegada super antropofágica! A ideia da banda é criar uma proposta de etnografia (mas num contexto musical), o disco chama-se novas lendas da etnia toshi baba e traz sátiras e música de boa qualidade sobre o Brasil, nossa sociedade e afins.
Espero que curtam o som!
segue abaixo o link de um blog para baixar o disco dos caras e um plus do som pra vocês conferirem!

Ouve aí, é massa!

http://www.youtube.com/watch?v=sga89-xW2X8

Clica aqui pra baixar o disco todo!